quarta-feira, 8 de julho de 2009

Diz que Deus dará,
não vou duvidar, ô nega
E se Deus não dá,
como é que vai ficar, ô nega?

Diz que deu, diz que dá,
e se Deus negar, ô nega
Eu vou me indignar e chega,
Deus dará, Deus dará

terça-feira, 7 de julho de 2009




Não aguento mais o aniversário do RC e a morte do MJ!

Estou intolerante ou já deu?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Bíceps mal utilizados


Aconteceu nas últimas férias de verão. Estávamos eu e minhas filhas dentro do carro, estacionadas num mirador de frente para o mar, esperando o sol se pôr bem na nossa frente, enquanto apreciávamos os veleiros e ouvíamos bossa nova, ou seja, só faltava entrar o logotipo de algum cartão de crédito dizendo que certas coisas não tem preço e blablablá.

Conversa vai, conversa vem, estacionou ao lado do nosso carro um outro carro. Era um casal que, pelo visto, também curtia um drive-in natureba. Ele eu não consegui ver direito, mas ela era inesquecível: uma loira estonteante de blusa bem decotada e exibindo uns 50 centímetros de bíceps. Normal. Travestis também curtem uma cena de cartão-postal.

Estávamos, assim, todos numa boa compartilhando a despedida da tarde, quando a loira abriu o vidro do carro, colocou o bração pra fora e jogou um saco enorme de salgadinho no chão. Fechou o vidro e continuou a apreciar a natureza que ela ajudava um pouquinho a destruir. Não tive dúvida: desci do carro, juntei o pacote, bati na janela e perguntei com o meu melhor sorriso: isso é seu?

Minhas filhas ficaram tensas, achando que meu gesto poderia parecer um ato de preconceito. Não, meninas. Travesti, padre, matador profissional, guarda noturno de zoológico, garota fantástica, goleador do Milan, diretor de escola de samba, não importa quem seja: um mínimo de consciência se exige. Há menos de 10 metros havia uma lixeira. Se a moça não queria desfilar seus bíceps para o povo, que pedisse para o seu acompanhante levar a embalagem vazia ao lugar que lhe era destinado, ou então que esperasse chegar em casa para se desfazer dos restos mortais do seu lanche, mas largar a dois metros do mar é provocação.

Pois bem. Ela abriu a janela do carro bufando. Minhas filhas acertaram na mosca, a moça não gostou nadinha da minha intervenção. O que eu estava pensando, que era melhor do que ela? Resmungou qualquer coisa e fechou o vidro sem querer mais assunto, dando-se o direito de ser porca, afinal, não estamos numa democracia?

Segui com o pacote na mão e levei-o eu mesma até o lixo. Era o que eu deveria ter feito desde o início, mas são raros os momentos em que me descontrolo, e um deles é quando vejo alguém jogar uma garrafa plástica, uma carteira de cigarros ou qualquer outra embalagem no chão. Tendo oportunidade, vou até a pessoa e devolvo com educação e eufemismo: tome, você deixou cair. Se a criatura tiver um mínimo de noção sobre cidadania, vai pegar seu lixo de volta e não repetirá a bobagem que fez. Mas a arrogância é tanta que não há eufemismo que dê jeito. Preconceito tenho é contra grossura – não a dos bíceps, que até aprecio muito, mas de atitude.


(texto de Martha Medeiros, publicado no Jornal Zero Hora em 08/abril/2009)
mor quem mandou... é a minha cara!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Dizem que sou louco, por pensar assim...

Nietzsche ficou louco.
Fernando Pessoa era dado à bebida.
Van Gogh matou-se.
Wittgenstein alegrou-se ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia.
Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica.
Maiakovski suicidou-se.
Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos.
Mas será que tinham saúde mental?
Saúde mental, essa condição em que as idéias comportam-se bem, previsíveis, sempre iguais, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado; nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, bastar fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme) ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, a coragem de pensar o que nunca pensou.
Pensar é uma coisa muito perigosa....
Não, saúde mental elas não tinham.
Eram lúcidas demais para isso.
Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idosos de gravata.
Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental.
Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego numa empresa.
Por outro lado, nunca ouvi falar de político que tivesse estresse ou depressão.
Andam sempre fortes em passarelas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.

(Rubem Alves)