sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011


Em tempos de perseguição... Sejamos rebeldes!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

POBRES DOS NOSSOS RICOS


A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza.
Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.
Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos". Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas.
Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados. Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia. Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem.

MIA COUTO

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Jogou sua rede, oh, pescador!
Se encantou com a beleza desse lindo mar
Dois de fevereiro é dia de Iemanjá
Levo-te oferendas para te ofertar
E sem idolatria, Olodum seguirá
Como dizia Caymmi,
Insígne o homem cantando a encantar
Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar meu bem querer
Se Deus quiser quando eu voltar do mar
um peixe bom, eu vou trazer

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

domingo, 26 de dezembro de 2010


Sei que não sou perfeita,
mas com vc, eu posso
ser até eu mesma

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010


Tem gente que apenas nasce simples. E tem gente que nasce... eu... Tem gente que fica completamente feliz só de encontrar o vestido ou sapato perfeito.

Eu queria ser simples.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Vivemos tempos de raiva, de medo. Nossa geração não está tendo mais sucesso que nossos pais. Estamos criando uma geração de jovens raivosos, que atacam aquilo que temem.

Fobia, pra quem não se atenta à palavra, significa medo patológico. Homo é um prefixo latino que se refere à classe de primatas da qual a espécie humana faz parte; usado na língua portuguesa para referir-se à tudo que é humano, ou nosso semelhante. Em definição etimológica, homofobia, nada mais é do que medo daquilo que nos é semelhante.

Medo do semelhante? É possível que haja ainda violência desmedida praticada por pessoas tão jovens contra seus iguais partindo-se exatamente do fato de que homossexuais são pessoas diferentes, subcidadãos? É possível que ainda haja movimentação de igrejas (que deveriam ser guardiãs do que há de sagrado na humanidade) para que crimes contra o semelhante não sejam assim considerados?

Vivemos tempos doentes...

domingo, 21 de novembro de 2010

O SAMBA DO NICODEMUS

DIGAMOS QUE VOCÊ goste mais de azul que de cor de laranja. Ou que, dentre todas as verduras, nutra uma predileção especial pelo brócolis. Ou, ainda, que simpatize mais com o poodle do que com o weimaraner. Agora digamos que alguém decida isolar este tipo de característica e usar apenas essa única informação para defini-lo como ser humano.
De repente, em vez de ser, quem sabe, loiro ou moreno, carioca ou paulista, “baby boomer” ou membro da “Geração X”, extrovertido ou travado, torcedor do Bangu ou do Santos, colecionador de selos ou de fracassos sentimentais, enfim, em vez de ser tantas coisas ao mesmo tempo na sua infinita complexidade, imagine se você fosse apenas alguém que gosta de brócolis? ”Lá vai fulano”, diriam. “Ouvi dizer que gosta de brócolis”. Não seria um reducionismo perverso? Sujeito é um virtuoso do cello, o outro está trabalhando para desvendar o genoma humano e o pessoal interessado num único atributo: “O que será que ele faz com o brócolis entre quatro paredes?”
Ao longo da semana, a Universidade Mackenzie retirou de seu site, sob protestos, um manifesto contra o projeto de lei que pretende criminalizar a homofobia. Assinado pelo reverendo Augustus Nicodemus Gomes Lopes, o texto diz coisas assim: “As Escrituras Sagradas ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos (…) A Igreja Presbiteriana do Brasil manifesta-se contra a aprovação da chamada lei da homofobia por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna. E por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem sobre o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais.”
Será que pregar contra aqueles que gostam de brócolis é simples exercício da liberdade de expressão? E nascer gostando de brócolis seria “opção leguminosa?” O reverendo Nicodemus quer que a Igreja mantenha intacto o direito de criticar a homossexualidade. Entendo o ponto de vista, afinal, a condenação a uma minoria ajuda a manter o rebanho forte e unido. Mas, dá para fazer melhor. Olha só a ideia genial que eu acabo de ter: já que os gays cansaram de apanhar, deram para se organizar e conquistaram inclusive o poder de pressionar para ver criadas leis que os protejam na marra, sugiro que se passe a discriminar um novo grupo.
Alô, reverendo Nicodemus! Os judeus a gente descarta de cara. Crucificação e Hitler ainda estão muito frescos na memória, não é mesmo? Que tal partir para uma coisa mais dissimulada, que o povo encontre em todo lugar, mas que seja uma minoria mesmo assim? E como brócolis também é manjado e muita gente gosta, pensei nas pessoas que apreciam as alcaparras. Veja se o discurso encaixa: “A alcaparra em si é uma criação divina, mas desejar a alcaparra é ceder à tentação, é usar o corpo para propósitos outros do que aqueles que o Senhor entendeu para nós”. Não dá o maior samba, Nicodemus?

Barbara Gancia
Folha de S. Paulo, 19/11/2010

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Quero
Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.

No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Tá falado!

"Os fundamentalismos contemporâneos em pouco diferem da inquisição católica. Acho absurdo forçar alguém a aceitar uma verdade inventada."
Isabel Allende

"As certezas andam sempre de mãos dadas com as fogueiras".
Rubem Alves

"Deus tem tão profunda reverência pela nossa liberdade que prefere deixar-nos livres para irmos pro Inferno do que nos obrigar a ir para o Céu".
Desmond Tutu